domingo, 3 de setembro de 2017

DAS AMAS E DO BEM-ESTAR DE CRIANÇAS E FAMÍLIAS

Segundo a imprensa a prevista alteração no enquadramento profissional das amas foi repensada permitindo a continuidade do seu trabalho de acolhimento de crianças até aos três anos sob a regulação e tutela da Segurança Social através de profissionais de educação pré-escolar.
Não é uma actividade muito divulgada mas para muitas famílias e crianças as amas são essenciais.
Como é evidente pela importância do seu trabalho é fundamental que o seu desempenho seja regulado e que estejam definidas regras e limites relativos a aspectos número de crianças, qualidade dos espaços e formação ou experiência das pessoas envolvidas.
É por demais conhecida a existência de situações a que chamo "depósitos clandestinos de crianças" embora saiba que existem pessoas que se dedicam a esta actividade e o fazem com qualidade e protegendo o bem-estar das crianças.
As amas, do meu ponto de vista, podem ocupar um papel muito importante para crianças e famílias. Como é sabido, Portugal tem um dos mais elevados custos de equipamentos e serviços para crianças o que é, naturalmente, um forte constrangimento um obstáculo para projectos de vida que envolvam filhos. Por outro lado, sobretudo nas grandes áreas metropolitanas, existe uma falta significativa de respostas e recursos a preços acessíveis para o acolhimento a crianças dos 0 aos 3 anos é, como já disse, um dos grandes obstáculos a projectos familiares que incluam filhos, levando aos conhecidos e reconhecidos baixos níveis de natalidade entre nós.
A alteração dos estilos de vida, a mobilidade e a litoralização do país, levam à dispersão da família alargada de modo a que os jovens casais dependem quase exclusivamente de respostas institucionais para acolhimento das crianças que, ou não existem, ou são demasiado caras.
Neste quadro, prolifera a oferta clandestina, tal como no caso dos idosos, onde, a preços bem mais acessíveis e sem controlo da qualidade, se depositam os miúdos.
É certo que não fica fácil a fiscalização dos serviços competentes porque a situação também serve às famílias, pelo custo e pela simples existência. Relembro que num episódio divulgado há algum tempo em que verificavam maus tratos alguns pais reagiram negativamente ao encerramento desse depósito de crianças.
Sabemos todos como o desenvolvimento e crescimento equilibrado e positivo dos miúdos é fortemente influenciado pela qualidade das experiências educativas nos primeiros anos de vida, de pequenino é que ... se torce o "destino".

Assim, ter uma resposta não institucionalizada, com enquadramento legal, com exigência de qualificação e experiência, instalações adequadas e limite para o número de crianças, supervisão eficaz e, sobretudo, o aumento significativo da resposta ao nível da creche ou em ambiente mais familiar a custo acessível é, seguramente, uma aposta no futuro e, por isso, minimizar o risco dos depósitos clandestinos de crianças com os riscos associados.

Sem comentários: