sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

DO ABANDONO ESCOLAR

Contrariamente ao que se passa com polémicas, muitas vezes inconsequentes, ou com problemas conhecidos, as boas notícias em educação têm quase sempre uma divulgação discreta. Trata-se, provavelmente, de uma questão cultural e de uma questão de gestão de interesses e agendas.
Segundo o INE, depois de uma subida em 2016 percentagem de abandono escolar precoce desceu em 2017, passou de 14% em 2016 para 12,6%. Nesta área o trajecto foi significativo se considerarmos que em 2002 a taxa era de 45%.
Uma primeira nota para registar a evolução positiva, realçar o trabalho de alunos, professores, escolas e famílias e estranhar que não se tenha desencadeado a habitual luta pela paternidade dos resultados positivos com diferentes figuras e entidades a “chegarem-se à frente” para aparecerem na fotografia.
A segunda nota para relembrar o pesado caderno de encargos que ainda continuamos a ter pela frente,  continuar a combater o abandono e a exclusão, quase sempre a primeira etapa da exclusão social, promover a qualificação, um bem de primeira necessidade e combater as desigualdades criando efectivos dispositivos de mobilidade social em que a escola faz a diferença e pode ajudar a contrariar o destino.
Só assim se promove a construção de projectos de vida viáveis e proporcionadores de realização pessoal e base do desenvolvimento das comunidades.
Neste caminho temos duas vias que se complementam e de igual importância, a prevenção do insucesso que leva ao abandono e a recuperação para trajectos de formação e qualificação da população que entretanto já abandonou.
Esperemos que algumas mudanças em curso e, sobretudo, a existência de dispositivos de apoio competentes e suficientes às dificuldades de alunos e professores, possam contribuir para a minimização do insucesso.
No que respeita à recuperação dos jovens que já abandonaram espero que a oferta de trajectos diferenciados de formação e qualificação ou iniciativas em desenvolvimento como o programa Qualifica, sucessor do Novas Oportunidades tenha os meios necessários e resista à tentação do trabalho para a “estatística”, confundindo certificar com qualificar.
Merecemos e precisamos de mais e melhor sucesso e menos abandono e exclusão.


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