quinta-feira, 15 de março de 2018

PELA EDUCAÇÃO É QUE VAMOS


Talvez não seja uma questão muito importante dado o estado do mundo, mas li com satisfação que com uma participação significativa os alunos da Universidade de Coimbra decidiram não realizar a tradicional garraiada na sua tradicional Queima das Fitas. O voto “Não” registou 70.7% face a 26.7% de votos favoráveis.
A já longa discussão em torno das touradas teve mais um episódio.
Na verdade, a defesa da tourada radica em questões de natureza emocional, cultural, psicológica ou sociológica que entendo mas que não tenho que subscrever, o que torna particularmente difícil uma discussão racional e conclusiva.
No entanto, parece-me que a argumentação mais frequente, a tradição e a cultura que este "espectáculo", a "festa brava" alimenta não colhe só por si. Como é óbvio, nada se deve manter só porque é tradicional ou integrado na cultura, se tal representar um atentado a direitos básicos. Posso, com uma ponta de demagogia evidentemente, evocar a "tradição" e "cultura" que alimentaram os combates de gladiadores, escravatura, a pena de morte, ou mesmo a violência doméstica e a exploração infantil, que de tradição e cultura passaram a procedimentos inaceitáveis e mesmo criminalizados.
Sabemos que as mudanças em matéria de "cultura" e "tradição" são difíceis, são lentas, mas ... "e pur si muove". Também me parece que a mudança será mais fácil com a emergência de gerações mais novas que crescem sem o peso da "tradição" e da "cultura" que nós mais velhos carregamos e que mais dificilmente alteramos.
Como em tudo, pela educação é que vamos, numa variante à fórmula de Sebastião da Gama.
Neste caso e a em matéria de educação a academia tem especial responsabilidade.
Fico agora a aguardar com alguma expectativa que também alguns dos aspectos “tradicionais” das “tradicionais” praxes que, por vezes são atentatórias da dignidade de praxados, caloiros ou “bestas, realizadas por “doutores” ou “veteranos”. Humilhar não rima com integrar.

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