sexta-feira, 13 de abril de 2018

SEXTA-FEIRA, DIA 13. A HISTÓRIA DO AZARADO

Um dos dias que quando éramos miúdos não passava despercebido era a sexta-feira num dia 13, como hoje. Sempre se faziam referências ao “dá azar”. Na ingenuidade própria da idade acho que tínhamos uma relação ambígua com o “azar”, não acreditávamos nessas coisas mas, à cautela, era melhor estar atento. Depois passámos à brincadeira, do “não sou supersticioso porque … dá azar”.
No entanto …
Era uma vez um homem chamado Azarado. Toda a sua vida foi um conjunto de circunstâncias desencontradas. Nasceu numa sexta-feira dia 13. Nasceu rapaz e os pais desejavam uma rapariga e nasceu no meio do Verão contrariando o esforço de planeamento dos pais que o queriam no Inverno.
Na escola o Azarado sempre encontrou os professores menos simpáticos e não havia jogo que conseguisse ganhar. Nos testes acontecia sistematicamente que esperava por umas questões e apareciam outras. O Azarado desesperava, é que não se pode saber tudo e ele nunca acertava.
A rapariga mais bonita que ele conheceu e por quem sentia uma paixão tão grande como aquelas que vêm nos livros, não lhe ligava nem um bocadinho, era com se ele não existisse. No entanto, tinha que fugir de uma miúda que o adorava mas de que ele só gostava ao longe, muito ao longe.
Na sua profissão, vendedor de Projectos, perdeu a grande oportunidade porque furou a caminho da entrevista que mudaria a sua vida.
O Azarado apresentou um dia a mulher ao seu colega mais amigo. Desse encontro, resultou um amor que o deixou sem mulher e sem amigo.
Viveu só o resto dos dias, sempre em desencontro com as circunstâncias. Uma manhã, o Azarado não acordou.
As pessoas que o conheciam comentaram, “Que sorte a do Azarado, ficou-se que nem um passarinho”.

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